ANTONIO POMPEU DE ALMEIDA (sexto
filho de Pedro Taques)
A seu respeito escreveu Taques em
sua Nobiliarquia: "Em vida de seu pai Pedro Taques, foi mandado por ele a
Lisboa, de onde passou para a Angola, e dali para S. Paulo sua pátria. Passados
alguns anos foi encarregado da administração das rendas reais pela provedoria
da fazenda da mesma capitania de S. Paulo e S. Vicente.
Para dar as suas contas na
provedoria do estado do Brasil foi à cidade da Bahia, de onde recolhendo-se,
casou-se no Rio de Janeiro com os acertos da eleição da sua qualidade com Maria
de Sousa Coutinho, da nobre família dos Botafogos, que se achava viúva de seu
primeiro marido Manoel Fernandes Cáceres, que dizem fora natural da vila de
Viana, de conhecida nobreza.
Tinha esta senhora do dito seu
1.º marido um casal de filhos, que ainda eram solteiros, quando se casou 2.ª
vez sua mãe. Pouco tempo se lograram os desposados; porque, tendo ela umas
diferenças com certa senhora da dita cidade, os do partido desta, temendo algum
excesso da parte de Antonio Pompeu, se anteciparam com a bárbara resolução que
tomaram.
Bateram em uma noite à porta de
Pompeu, que acordando, a mandou abrir, e no mesmo instante lhe subiram as
escadas uns rebuçados, que chegando de tropel à câmara, onde pousavam marido e
mulher, dispararam os bacamartes, e no mesmo leito ficaram ambos mortos.
Acordaram estes ecos e o pranto
da família aos vizinhos; fugiram os delinqüentes; e pelas antecedências logo se
conheceu ou presumiu quem fora o agressor; prendeu-se este, que no processo da
devassa ficou culpado, e manifesto o seu delito.
Foi sentenciado à morte, para
cuja execução foi apelada a sentença para a relação do estado. Nela acharam os
ministros que só com o perdão das partes João da Veiga Coutinho e Maria de
Cáceres, filhos e enteados dos mortos, poderia ser livre o delinqüente, que,
por ser pessoa de cabedal, tinha outras de respeito na Bahia a seu favor.
Trabalhou-se muito sobre este
ponto no Rio de Janeiro com dinheiros e respeitos que tudo acabam; porém, os
dois ofendidos não se deixaram vender, antes insistiram que pagasse o delito
que o cometera tão barbaramente. Com este desengano ocorreu ao reverendíssimo
vigário da igreja da Candelária solicitar o perdão em nome de Jesus Cristo,
discorrendo assim, porque João da Veiga Coutinho se habilitava para o estado
sacerdotal.
Para isso levou uma imagem do
santo crucifixo, que se venerava na dita igreja no altar mór, e com ela lembrou
a João da Veiga aquele texto - non parco quia non pepercit. Rendeu-se este como
católico e fez persuadir a sua irmã. Antes de se lavrar a escritura de perdão,
declarou o ofendido que havia de ficar possuindo a imagem do Senhor.
Concedeu-se-lhe. E, pelo tempo
adiante, estando cônego da sé da sua pátria, fundou uma capela no termo da vila
de Curitiba (hoje freguesia de S. José dos Pinhais) na qual colocou a mesma
imagem com o título de - Senhor Bom Jesus do Perdão - querendo por este modo
que jamais ficasse em esquecimento a causa porque dera o perdão. Casou a sua
irmã Maria de Cáceres com Francisco de Almeida Cabral, natural de S. Paulo,
filho de Luiz Leme e de Anna Cabral.".
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